23 de março de 2014

Inverno demográfico chega ao litoral

"A distribuição territorial dos serviços públicos encerrados veio reforçar a ideia de que o declínio demográfico está a alastrar para zonas mais perto do litoral, alertam especialistas ouvidos pela Lusa, que pedem uma reflexão sobre "o modelo de país que queremos".
O demógrafo Mário Leston Bandeira, do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, sublinha o facto de os dados resultantes do levantamento feito pela Lusa confirmarem que "a engrenagem do declínio demográfico está a alastrar para zonas mais perto do litoral".
"O declínio acontece já não apenas no interior", onde se encontra a população mais envelhecida e se caminha para "a destruição quase completa", mas "está a alastrar para o litoral", mesmo nas zonas que tinham uma elevada natalidade, disse à Lusa.
Também Jorge Malheiros, do Núcleo de Estudos Urbanos, Migrações, Espaços e Sociedades do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa, aponta que a "deterioração da qualidade de vida", que tem vindo a acontecer sobretudo no interior, chegou às zonas do litoral menos servidas de transportes.
"O que era litoral está cada vez mais invadido por comportamentos do interior. Está a alargar-se a mancha, que está quase a chegar ao mar", reforçou Maria Filomena Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Demografia. Sublinhando que o declínio demográfico, o envelhecimento da população e a desertificação dos territórios é mais ou menos evidente desde o princípio dos anos 1980, Mário Leston Bandeira lamentou que nada tenha sido feito para prevenir o futuro. E a austeridade veio, no seu entender, agravar a situação e está a "matar a hipótese de haver recuperação".
"É preciso acabar com a austeridade, criar empregos nas zonas deprimidas. Se não há jovens a irem para essas zonas qual é o seu futuro?", disse, realçando que o que está a acontecer é uma "falsa poupança".
"O capital mais importante são as pessoas. São elas a riqueza das Nações e não estamos a apostar nelas de todo", disse.Admitindo ser possível melhorar a oferta e o modo como os serviços estão dispersos pelo território, Jorge Malheiros questiona a ausência de uma reflexão sobre o modelo de país e de Estado que se quer e a forma como tem sido conduzido o processo, enfatizando que as mudanças com diálogo e envolvimento das comunidades são mais demoradas mas resultam mais equilibradas.
Para este especialista, é cada vez mais clara a opção por um modelo de Estado mínimo, com a diminuição de serviços públicos "acreditando que o mercado privado reintroduzirá um reequilíbrio. Ele fará o seu trabalho, mas gera injustiças, nomeadamente injustiça territorial", o que levará a um "declínio demográfico e ao esvaziamento destes espaços". Constatando que os encerramentos acontecem em todo o país, incluindo nos grandes centros como Lisboa, onde por exemplo o número de serviços de saúde encerrados é mais expressivo, Jorge Malheiros frisa que o impacto é contudo distinto no interior, sobretudo nas regiões de território vasto e povoamentos concentrados, obrigando as populações a grandes deslocações para acederem a serviços básicos.
Maria Filomena Mendes alerta ainda para o contributo do encerramento de serviços na perda de dinâmica de regiões que ainda a têm. "Desenvolvimento gera desenvolvimento. Se não existirem infra-estruturas que segurem e captem as pessoas elas vão embora. É preciso dar essas condições, porque se não tivermos residentes fica todo esse espaço de abandono e isso é trágico", disse à Lusa.
Mais de 6.500 serviços públicos encerraram desde 2000, sobretudo no norte e interior do país, e mais de 150 devem encerrar proximamente, de acordo com um levantamento feito pela agência Lusa junto de entidades oficiais locais." Lusa/SOL

22 de março de 2014

Imigração é a solução

"O demógrafo norte-americano Carl Haub considera que a imigração é a melhor forma de combater a baixa natalidade nos países ocidentais, Portugal incluído, mas a falta de empregos anula essa solução.
«Sem empregos não há imigração», disse à agência Lusa o especialista, que se deslocou a Portugal pela primeira vez para participar no encontro “Presente no futuro – Os Portugueses em 2030”, que decorre em Lisboa, na sexta-feira e no sábado.A situação portuguesa é idêntica à que se regista em quase toda a Europa e nos países desenvolvidos da Ásia, como o Japão, a Coreia do Sul, Singapura ou Taiwan. Em Portugal a taxa de fertilidade actual é de 1,3 filhos por mulher, num continente onde a média é de 1,9. A Letónia apresenta o valor mais baixo (1,1), seguido da Hungria e da Bósnia-Herzegovina (1,2), de acordo com a tabela referente a este ano da instituição norte-americana Population Reference Bureau (PRB), onde Carl Haub, 67 anos, produziu em 1980 a base de dados da população mundial mais consultada, a World Population Data Sheet.
A taxa europeia mais alta ocorre na Irlanda (2,1), único país que apresenta o valor que os demógrafos consideram o mínimo para assegurar a manutenção da população na geração seguinte. A Islândia, a França e o Reino Unido são os países que se seguem, todos com uma taxa de dois filhos por mulher.
Em termos de comparação, em África a taxa média por mulher é de 4,7 filhos e o Níger detém mesmo recorde mundial: 7,1, ainda segundo a tabela do PRB.
O especialista diz que «não há uma causa específica» para a situação registada no Ocidente, mas antes um conjunto de circunstâncias.
Entre elas o desemprego, que torna imprevisível o futuro dos jovens e lhes faz adiar ou cancela definitivamente os planos para terem filhos.
Depois há a resposta que se deve colocar nos tempos actuais às novas gerações: «O que é importante na vida?». Na Alemanha a maioria das respostas é «viajar», afirma Carl Haub.
Adianta que a população germânica tem sido das mais apoiadas pelo estado, de modo a aumentar o número de filhos, mas mesmo assim não ultrapassou este ano a taxa de 1,4, apenas uma décima acima de Portugal. Também em França e na Suécia tem havido esse investimento, acrescenta.
Nos anos 1990, depois da queda do muro de Berlim, a Rússia, então a braços com uma taxa de fecundidade de apenas 1,1, decidiu pagar 9.000 dólares (quase 7.000 euros aos câmbios actuais) a cada mulher que tivesse o segundo filho.
A taxa subiu e hoje no país cada mulher tem, em média, 1,6 filhos, o valor mais alto da Europa de Leste.
Contudo, e de um modo geral, «as coisas estão a mudar devagar», porque «os governos não estão a prestar atenção suficiente ao assunto», que exige «políticas de longo prazo».
Mesmo que a tendência em Portugal se altere, como prevêem as projecções mais optimistas dos demógrafos para 2030, e suba para os 2,0, a diminuição do número de nascimentos vai continuar a diminuir porque manter-se-á a descida do número de mulheres em idade de ter filhos.
Carl Hub considera que a situação de austeridade e dificuldades económicas que país vive irá «agravar ainda mais» a baixa natalidade.
Uma das soluções, defende, é adiar a idade da reforma e usar o dinheiro que se poupa com isso no apoio às famílias para haver «mais gente jovem». Lusa/SOL

Água e desenvolvimento

Projeto UE - sustentabilidade e uso eficiente dos recursos


"Projeto UE - sustentabilidade e uso eficiente dos recursos: inquérito, debates e disseminação", concebido e desenvolvido pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) é uma iniciativa da Comissão Europeia, promovida pelo Centro de Informação Europeia Jacques Delors (CIEJD), Direção-Geral dos Assuntos Europeus – Ministério dos Negócios Estrangeiros, na qualidade de Organismo Intermediário responsável pela execução do Plano de Comunicação para informação sobre a União Europeia em Portugal.
O estudo de opinião, cujo inquérito por questionário tem início já em março, incide sobre temas de ambiente, economia e sustentabilidade. O objetivo é contribuir para uma reflexão e debate fundamentado cientificamente, dando voz aos cidadãos e cidadãs sobre estas temáticas e as políticas da União Europeia.
Aceder ao inquérito aqui.

11 de março de 2014

Viagem sobre o Rhur

Fotografias de Jakob Wagner sobre a região alemã do Rhur. Na sua página podemos encontrar mais fotos de outras cidades e ambientes, com conteúdo geográfico.

3 de março de 2014

Custos da suburbanização

Fonte: Sourceable

The Hidden Costs of Suburban Sprawl
"The hidden costs of suburban sprawl" é um artigo que põe em evidência os resultados de um estudo sobre os custos ocultos do crescimento das cidades e aponta alguns caminhos para dar ao centro das cidades um dinamismo populacional permanente.

2 de março de 2014

Mundo gordo e mundo magro

"BILL GATES, in his foundation’s annual letter, declared that “the terms ‘developing countries’ and ‘developed countries’ have outlived their usefulness.” He’s right. If we want to understand the modern global economy, we need a better vocabulary". 
(...)
"It’s time that we start describing the world as “fat” or “lean.” (in The New York Times)