Sobre o 11 de Setembro, de que hoje se celebra o 10º aniversário.
A queda do Muro de Berlim, em 1989, simboliza o final da Guerra Fria, e também a contestação crescente ao estado-nação: já não há os dois grandes blocos político-militares, liderados pelos EUA e pela ex-URSS; não há um inimigo externo, que obriga os estados a armarem-se e a defenderem os seus cidadãos; por outro lado, a globalização da economia e da cultura é crescente, os estados são quase impotentes perante as grandes empresas.
Com o 11 de setembro, reforçado pelo 11 de março, em Madrid, os cidadãos viram-se para o Estado, que os deve proteger. São os políticos, os exércitos, as polícias secretas, que entram em ação. É o Estado que atua. Ninguém espera nada da Microsoft ou da Coca Cola, por exemplo. Mas este é um conflito igualmente com as marcas da globalização: a Al-Qaeda é uma rede que atravessa as fronteiras dos estados. É o mundo em rede.
Por outro lado, o 11 de Setembro, reforça a atenção concedida à história e à geografia das religiões e das culturas. A globalização tinha criado a ilusão da "ocidentalização" de todo o mundo. As religiões e as culturas dividem-nos e é preciso investiga-las e compreendê-las.
Por último, o 11 de setembro apela a uma concepção de cidadania global, o que nos tem merecido uma reduzida atenção. Os livros publicados no Reino Unido nos últimos dois anos, sobre ensino de Geografia, estão muito focados nestes novos desafios; também espaços como o GEOFORO têm procurado uma reflexão abrangente dos novos desafios educativos. Em qualquer caso, parece-me uma reflexão ainda numa fase inicial, reflectindo a matriz nacionalista dos sistemas educativos.
Sérgio Claudino (IGOT)
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