21 de janeiro de 2010

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Entre os despojos do terramoto do Haiti, emergem casos que nos deixam incrédulos. Pelos melhores motivos, mas também pelos piores. Ontem vi na TV uma equipa de televisão a fazer a cobertura da assistência aos feridos, que filmava o desespero dos médicos e enfermeiros na tentativa de salvar um jovem haitiano que lutava pela sobrevivência, mal conseguindo respirar. Um médico procurava desesperado qualquer instrumento que permitisse entubar o jovem ou garantir-lhe respiração artificial. Não posso esquecer o olhar daquele jovem, cuja respiração pausada e esforçada, sentia a vida a esvair-se e, impotente, como que pedida ajuda aos milhões de olhos que viam a TV naquele momento. Poucos momentos depois, um médico abanava os braços em sinal de raiva por mais uma vida que, quase salva, se perdeu.

A peça televisiva seguinte dava conta de 120 pessoas que já tinham sido salvas depois de 7 dias sob um mar de pedras, ferro e betão. Vidas talvez já dadas como extintas mas que acabaram por resistir à fome, à sede, à dor e à morte, entre os quais um bébé com dias de vida. Heróis.

Um contraste brutal que me deixou colado ao chão, sem reacção, sem saber se celebrar a vida ou chorar a morte.

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